quarta-feira, 29 de novembro de 2017

Campos Gerais. Beleza singular

Segundo planalto paranaense concentra importantes atrativos turísticos
do estado, ricos em histórias, diversidade cultural e rara beleza natural

Quando o botânico e naturalista francês Auguste de Saint-Hilaire visitou, em 1822, a região dos Campos Gerais do Paraná, a descreveu como “paraíso terrestre no Brasil”. Ele foi responsável por escrever livros sobre as paisagens brasileiras e os costumes aqui praticados no século XIX e, em
um deles, destacou que “esses campos constituem inegavelmente uma das mais belas regiões que já percorri desde que cheguei à América!”.
Montaria utilizada pelos tropeiros, em exposição
no Museu do Tropeiro, em Castro
A região descrita pelo botânico havia sido povoada pelas primeiras sesmarias, um século antes, mas foi a abertura do trajeto pioneiro que ligava Viamão, no Rio Grande do Sul, a Sorocaba, em São Paulo, por onde passavam os tropeiros, que marcou o início do desenvolvimento regional e a formação das cidades. Exemplo disso é Castro, a primeira a ser constituída na região e uma das primeiras do Paraná. O tropeirismo também foi responsável pela fundação dos municípios de Lapa, Rio Negro, Campo do Tenente, Porto Amazonas, Palmeira, Ponta Grossa, Tibagi, Piraí do Sul, Jaguariaíva e Sengués.
A beleza que encantou o francês continua a deleitar turistas de todo o mundo que visitam a região, em busca do turismo cultural, de aventura, rural, religioso, gastronômico e ecoturismo.

Museu do Tropeiro e Casa de Sinhara
Com um acervo de mais de mil peças, o Museu do Tropeiro, primeiro no Brasil a resgatar a história e a memória do tropeirismo, foi inaugurado em Castro, em 1977.
Entre os objetos em exposição estão documentos, vestimentas, montarias, mapas, móveis de época, objetos sacros e pessoais dos antigos viajantes.
A Casa de Sinhara, localizada também em Castro, retrata a vida da mulher castrense no período do tropeirismo e, no prédio, é possível conhecer objetos, móveis e utensílios domésticos.
O museu e a casa funcionam de terça a sexta-feira, das 8h30 às 11h30 e das 12h30 às 17h. Os espaços também são abertos ao público no primeiro domingo de cada mês, das 9h às 17h.

Museu Histórico de Castrolanda
Centro Cultural Castrolanda
O fim da 2ª Guerra Mundial, incertezas políticas, econômicas e a escassez de terras na Europa foram fatores motivadores para que famílias de holandeses deixassem o país de origem e buscasse se estabelecer no Brasil, nos Campos Gerais. Assim nascia a Colônia e a Cooperativa Agropecuária
Castrolanda, mantendo a tradição, a arquitetura, grupo folclórico, gastronomia e língua.
Em 2001 foi construído o Memorial da Imigração Holandesa, com uma réplica em tamanho original do moinho Woldigt, situado ao norte da Holanda.
O espaço abriga um salão para eventos, biblioteca, restaurante e loja de artesanatos e é aberto para visitação, de sexta-feira a domingo e aos feriados, das 13h às 18h.
Em novembro do ano passado foi inaugurado o Museu Histórico Castrolanda, representando uma casa de fazenda, característica da região nordeste da Holanda, de onde veio a maioria dos imigrantes. No espaço é possível conhecer como eram os cômodos das residências, objetos pessoais e, ainda, visitar uma exposição.

Parque Histórico de Carambeí
Parque das Águas, no Parque Histórico de Carambeí

O charmoso Parque Histórico de Carambeí é o maior museu histórico a céu aberto do Brasil, retratando a saga da imigração holandesa no estado e, hoje, é um três museus mais visitados do Paraná, com cerca de 110 mil visitantes em 2016. Com 100 mil metros quadrados, o parque reúne
jardins e edificações que compõe o memorial da imigração. O parque é composto pela Casa da
Memória – que abriga o acervo do museu, uma confeitaria e um restaurante, onde aos domingos e feriados é servido um almoço que combina a gastronomia Indonésia à Neerlandesa –, o Parque das Águas, a Vila Histórica, os Jardins e o Museu do Trator.
O parque está aberto para visitação de terça a sexta-feira, das 11h às 18h e, aos sábados e domingos, das 11h às 18h30. Agendamentos de grupos devem ser feitos pelo e-mail agendamento@aphc.com.br.

Buraco do Padre
Buraco do Padre
Não é difícil entender o motivo pelo qual padres jesuítas passavam longos períodos contemplativos, meditando em frente a uma cascata de 30 metros de altura, na região de Itaiacoca, em Ponta Grossa. A queda d´água é originária do Rio Quebra Perna, que deságua em uma furna, uma espécie de cavidade na encosta de uma rocha de 43 metros de altura. Alguns chegam a descrevê-lo como um “anfiteatro de pedras”. Aos caboclos e aos tropeiros que passavam pela região é atribuído o nome dado ao local: Buraco do Padre O atrativo turístico está localizado em uma propriedade privada, a
24 quilômetros do centro de Ponta Grossa. Para chegar até o espaço é preciso percorrer um trajeto de mil metros a pé. A trilha é adaptada para cadeirantes e pessoas com mobilidade limitada, mas apresenta obstáculos naturais.
A Taça – Parque Estadual de Vila Velha
A manutenção e a valorização do espaço são de responsabilidade da empresa Águia Florestal. As visitas podem ser realizadas de quinta-feira a domingo e aos feriados, das 9h às 17h.


Parque Estadual de Vila Velha
A pouco mais de 28 quilômetros do centro de Ponta Grossa está localizado o Parque Estadual de Vila Velha, em uma área de três mil hectares, tombado em 1966 pelo patrimônio Histórico e Artístico do Estado.
A formação dos arenitos é datada de 300 milhões de anos, famosas formações rochosas que ao longo do tempo e, principalmente, pela ação das chuvas, acompanhada dos ventos, formaram variadas e gigantescas figuras que mexem com a imaginação de quem visita o espaço.
Além dos arenitos, compõem o parque a Lagoa Dourada – com cerca de 300 metros de diâmetro e três metros de profundidade e que com a incidência dos raios deixa suas águas douradas –, e as Furnas, conhecidas como “Caldeirões do Inferno”, grandes poços de desabamento.
O Parque é aberto para o público às sextas-feiras, sábados, domingos e feriados nacionais, das 8h30 às 17h30, com entrada permitida até às 15h30, mediante a contratação de um guia de turismo da Associação Brasileira de Guias de Turismo (ABGTur) ou do Núcleo de Turismo de Ponta Grossa.
ABota – Parque Estadual de Vila Velha
Às segundas, quartas e quintas-feiras, as visitas são feitas a partir de agendamento pelo e-mail pevilavelha@iap.pr.gov.br. As visitações são limitadas a 800 pessoas por dia.

Parque Estadual do Guartelá
Cachoeira da Mariquinha
O Parque Estadual de Guartelá está localizado nos municípios de Castro e Tibagi, possui uma área de 798 hectares. Em seu território encontra-se o Canyon Guartelá, cortado pelo Rio Iapó sendo considerado o maior canyon do Brasil em extensão, além de corredeiras, cachoeiras, grutas e inscrições rupestres dos primeiros habitantes da região.

Cachoeira da Mariquinha
No distrito de Itaiacoca também encontra-se a Cachoeira da Mariquinha, uma Unidade de Conservação localizada a aproximadamente 30 quilômetros do centro da cidade de Ponta Grossa.
Para ter acesso à queda d´água de 30 metros de altura e ao balneário, é necessário ao visitante percorrer uma trilha, repleta de arenitos e capões de mata nativa. O local é ideal para caminhadas
nas trilhas e acampamentos, equipados com banheiros para banhos e estacionamento.
Para agendamentos e informações: (42) 99992-7579 ou (42) 98834-7490.







Texto e fotos: Silvia Bocchese de Lima
Revista Fecomércio PR - nº 120

segunda-feira, 13 de novembro de 2017

Souvenir gastronômico

A acolhedora fazenda além de abrigar a Adega Porto Brazos,
 reúne diferentes atrativos turísticos:
gastronômico, rural, esportivo e de eventos
Adega ponta-grossense une sabor e tradição em produtos únicos, tendo como base a amora

Foi no caderno de receitas da avó que a família Dewulf, de imigrantes belgas, há 18 anos morando
em Ponta Grossa, buscou inspiração para resgatar a tradição europeia de produzir bebidas a partir de amoras silvestres. A prática, já não comum na Europa, tinha como objetivo obter, a partir do fruto, uma bebida que os ajudasse a enfrentar o rigoroso inverno europeu. Os segredos gastronômicos da avó permitiram que no Paraná, a família encontrasse uma alternativa na propriedade e, há 12 anos, nasceu a Adega Porto Brazos, única no mundo a produzir fermentados, aguardentes e licores
de amora.
Instalada na zona rural do município de Ponta Grossa, na localidade de Itaiacoca, a Porto Brazos é uma homenagem a um dos mais conhecidos vinhos produzidos no mundo, os do Porto, e à variedade de amoras Brazos, que melhor se adaptou à região e a única utilizada na produção de bebidas pela adega, entre mais de mil espécies.

Baixas temperaturas
Em uma propriedade de 50 hectares para plantação de amoras, destinada ao beneficiamento, a produção anual de amoras depende das condições climáticas e, como o inverno deste ano foi atípico, com temperaturas acima da média, a colheita de amoras deve ser inferior a do ano passado, de duas toneladas do fruto por hectare.
De acordo com pesquisadores, as amoras da variedade Brazos precisam de 400 a 500 horas de frio
para o cultivo. “A variedade Brazos tem frutos grandes, de seis a sete gramas a unidade, são firmes,
de sabor ácido e adstringente. Na nossa região dos Campos Gerais, o clima e o solo bem drenado, com boa capacidade de retenção de água e bom teor de matéria orgânica, são propícios para o desenvolvimento desta amora. Em 2017, não estamos com uma boa expectativa com relação à colheita, porque o fruto precisa do frio. Quanto mais frio fizer, mais frutos teremos”, conta a engenheira agrônoma e responsável técnica da Porto Brazos, Anneleen Dewulf.

Produção
Com um mix de 11 produtos, a adega conta com um certificado de rastreabilidade, conferindo e garantindo a origem, forma de colheita e beneficiamento do fruto. Entre os produtos à base de amora da adega estão o fermentado, a aguardente, o licor, o chopp, a cerveja, o suco, a geleia e a calda.
Sem fazer uso de agrotóxicos, e com manejo preventivo de pragas e doenças, a empresa familiar contrata pessoas da própria localidade para a colheita da amora, que ocorre de outubro a dezembro. “O arbusto da amora tem uma vida útil média de 13 anos. Os primeiros anos são de produção reduzida, aumentando com o envelhecimento da planta. Para cada quilo colhido do fruto, produzo um litro do fermentado de amora e, a maturação de cada produto leva de dois a cinco anos para, só então, chegar ao público. A procura por produtos naturais tem sido cada vez mais crescente, além dos diversos benefícios que a amora traz, ofertamos, também, um souvenir gastronômico”, revela Anneleen.

Eventos
Localizada em uma charmosa propriedade rural de Ponta Grossa, a apenas 700 metros do Buraco do Padre, um dos mais importante atrativos turísticos do município, a Porto Brazos é também um local para eventos. Ao lado da adega, há um amplo salão de festas para locação, podendo receber até 350 pessoas, equipado com cozinha industrial, churrasqueira, lareira e uma área externa para realização
de cerimônias de casamento e books fotográficos.  Aos sábados, domingos e feriados, o espaço abriga um restaurante e, entre os pratos do cardápio, waffles e brownie com sorvete e calda de amora ou chocolate, fondue de queijo, tábua colonial com embutidos, queijos e pães, além de panquecas doces e salgadas. Sob reserva, aos domingos é servido um buffet de paella, prato típico espanhol.
A propriedade também dispõe de um minicampo de golf, com 18 buracos, em meio à plantação de amoras e lavanda.

Selo Alimentos do Paraná
Em outubro, a empresa prepara-se para receber, pelo segundo ano consecutivo, o Selo Alimentos do Paraná, aferido pela Fecomércio PR, em parceria com o Sebrae/PR, Federação das Indústrias do Paraná (Fiep), Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel) e Associação Paranaense
de Supermercados (Apras), que compõem o comitê gestor.
O selo atesta a qualidade na gestão empresarial e nos processos de produção de indústrias e beneficiadoras de alimentos e de bebidas às empresas que aplicam boas práticas na produção e atendem às exigências sanitárias e aos padrões de qualidade.
Às empresas participantes são ofertadas atividades de capacitação, treinamento e consultoria in loco. “Além do registro pelo Ministério da Agricultura, obtivemos o Selo Alimentos do Paraná, que nos permite alcançar uma importante fatia do mercado. O selo nos ajudou a abrir o leque, a evoluir e
a melhorar os processos de produção, além de agregar valor ao produto, à marca e à empresa”, afirma.

Texto e fotos: Silvia Bocchese de Lima
Revista Fecomércio PR - nº 120