quarta-feira, 29 de novembro de 2017

Campos Gerais. Beleza singular

Segundo planalto paranaense concentra importantes atrativos turísticos
do estado, ricos em histórias, diversidade cultural e rara beleza natural

Quando o botânico e naturalista francês Auguste de Saint-Hilaire visitou, em 1822, a região dos Campos Gerais do Paraná, a descreveu como “paraíso terrestre no Brasil”. Ele foi responsável por escrever livros sobre as paisagens brasileiras e os costumes aqui praticados no século XIX e, em
um deles, destacou que “esses campos constituem inegavelmente uma das mais belas regiões que já percorri desde que cheguei à América!”.
Montaria utilizada pelos tropeiros, em exposição
no Museu do Tropeiro, em Castro
A região descrita pelo botânico havia sido povoada pelas primeiras sesmarias, um século antes, mas foi a abertura do trajeto pioneiro que ligava Viamão, no Rio Grande do Sul, a Sorocaba, em São Paulo, por onde passavam os tropeiros, que marcou o início do desenvolvimento regional e a formação das cidades. Exemplo disso é Castro, a primeira a ser constituída na região e uma das primeiras do Paraná. O tropeirismo também foi responsável pela fundação dos municípios de Lapa, Rio Negro, Campo do Tenente, Porto Amazonas, Palmeira, Ponta Grossa, Tibagi, Piraí do Sul, Jaguariaíva e Sengués.
A beleza que encantou o francês continua a deleitar turistas de todo o mundo que visitam a região, em busca do turismo cultural, de aventura, rural, religioso, gastronômico e ecoturismo.

Museu do Tropeiro e Casa de Sinhara
Com um acervo de mais de mil peças, o Museu do Tropeiro, primeiro no Brasil a resgatar a história e a memória do tropeirismo, foi inaugurado em Castro, em 1977.
Entre os objetos em exposição estão documentos, vestimentas, montarias, mapas, móveis de época, objetos sacros e pessoais dos antigos viajantes.
A Casa de Sinhara, localizada também em Castro, retrata a vida da mulher castrense no período do tropeirismo e, no prédio, é possível conhecer objetos, móveis e utensílios domésticos.
O museu e a casa funcionam de terça a sexta-feira, das 8h30 às 11h30 e das 12h30 às 17h. Os espaços também são abertos ao público no primeiro domingo de cada mês, das 9h às 17h.

Museu Histórico de Castrolanda
Centro Cultural Castrolanda
O fim da 2ª Guerra Mundial, incertezas políticas, econômicas e a escassez de terras na Europa foram fatores motivadores para que famílias de holandeses deixassem o país de origem e buscasse se estabelecer no Brasil, nos Campos Gerais. Assim nascia a Colônia e a Cooperativa Agropecuária
Castrolanda, mantendo a tradição, a arquitetura, grupo folclórico, gastronomia e língua.
Em 2001 foi construído o Memorial da Imigração Holandesa, com uma réplica em tamanho original do moinho Woldigt, situado ao norte da Holanda.
O espaço abriga um salão para eventos, biblioteca, restaurante e loja de artesanatos e é aberto para visitação, de sexta-feira a domingo e aos feriados, das 13h às 18h.
Em novembro do ano passado foi inaugurado o Museu Histórico Castrolanda, representando uma casa de fazenda, característica da região nordeste da Holanda, de onde veio a maioria dos imigrantes. No espaço é possível conhecer como eram os cômodos das residências, objetos pessoais e, ainda, visitar uma exposição.

Parque Histórico de Carambeí
Parque das Águas, no Parque Histórico de Carambeí

O charmoso Parque Histórico de Carambeí é o maior museu histórico a céu aberto do Brasil, retratando a saga da imigração holandesa no estado e, hoje, é um três museus mais visitados do Paraná, com cerca de 110 mil visitantes em 2016. Com 100 mil metros quadrados, o parque reúne
jardins e edificações que compõe o memorial da imigração. O parque é composto pela Casa da
Memória – que abriga o acervo do museu, uma confeitaria e um restaurante, onde aos domingos e feriados é servido um almoço que combina a gastronomia Indonésia à Neerlandesa –, o Parque das Águas, a Vila Histórica, os Jardins e o Museu do Trator.
O parque está aberto para visitação de terça a sexta-feira, das 11h às 18h e, aos sábados e domingos, das 11h às 18h30. Agendamentos de grupos devem ser feitos pelo e-mail agendamento@aphc.com.br.

Buraco do Padre
Buraco do Padre
Não é difícil entender o motivo pelo qual padres jesuítas passavam longos períodos contemplativos, meditando em frente a uma cascata de 30 metros de altura, na região de Itaiacoca, em Ponta Grossa. A queda d´água é originária do Rio Quebra Perna, que deságua em uma furna, uma espécie de cavidade na encosta de uma rocha de 43 metros de altura. Alguns chegam a descrevê-lo como um “anfiteatro de pedras”. Aos caboclos e aos tropeiros que passavam pela região é atribuído o nome dado ao local: Buraco do Padre O atrativo turístico está localizado em uma propriedade privada, a
24 quilômetros do centro de Ponta Grossa. Para chegar até o espaço é preciso percorrer um trajeto de mil metros a pé. A trilha é adaptada para cadeirantes e pessoas com mobilidade limitada, mas apresenta obstáculos naturais.
A Taça – Parque Estadual de Vila Velha
A manutenção e a valorização do espaço são de responsabilidade da empresa Águia Florestal. As visitas podem ser realizadas de quinta-feira a domingo e aos feriados, das 9h às 17h.


Parque Estadual de Vila Velha
A pouco mais de 28 quilômetros do centro de Ponta Grossa está localizado o Parque Estadual de Vila Velha, em uma área de três mil hectares, tombado em 1966 pelo patrimônio Histórico e Artístico do Estado.
A formação dos arenitos é datada de 300 milhões de anos, famosas formações rochosas que ao longo do tempo e, principalmente, pela ação das chuvas, acompanhada dos ventos, formaram variadas e gigantescas figuras que mexem com a imaginação de quem visita o espaço.
Além dos arenitos, compõem o parque a Lagoa Dourada – com cerca de 300 metros de diâmetro e três metros de profundidade e que com a incidência dos raios deixa suas águas douradas –, e as Furnas, conhecidas como “Caldeirões do Inferno”, grandes poços de desabamento.
O Parque é aberto para o público às sextas-feiras, sábados, domingos e feriados nacionais, das 8h30 às 17h30, com entrada permitida até às 15h30, mediante a contratação de um guia de turismo da Associação Brasileira de Guias de Turismo (ABGTur) ou do Núcleo de Turismo de Ponta Grossa.
ABota – Parque Estadual de Vila Velha
Às segundas, quartas e quintas-feiras, as visitas são feitas a partir de agendamento pelo e-mail pevilavelha@iap.pr.gov.br. As visitações são limitadas a 800 pessoas por dia.

Parque Estadual do Guartelá
Cachoeira da Mariquinha
O Parque Estadual de Guartelá está localizado nos municípios de Castro e Tibagi, possui uma área de 798 hectares. Em seu território encontra-se o Canyon Guartelá, cortado pelo Rio Iapó sendo considerado o maior canyon do Brasil em extensão, além de corredeiras, cachoeiras, grutas e inscrições rupestres dos primeiros habitantes da região.

Cachoeira da Mariquinha
No distrito de Itaiacoca também encontra-se a Cachoeira da Mariquinha, uma Unidade de Conservação localizada a aproximadamente 30 quilômetros do centro da cidade de Ponta Grossa.
Para ter acesso à queda d´água de 30 metros de altura e ao balneário, é necessário ao visitante percorrer uma trilha, repleta de arenitos e capões de mata nativa. O local é ideal para caminhadas
nas trilhas e acampamentos, equipados com banheiros para banhos e estacionamento.
Para agendamentos e informações: (42) 99992-7579 ou (42) 98834-7490.







Texto e fotos: Silvia Bocchese de Lima
Revista Fecomércio PR - nº 120

segunda-feira, 13 de novembro de 2017

Souvenir gastronômico

A acolhedora fazenda além de abrigar a Adega Porto Brazos,
 reúne diferentes atrativos turísticos:
gastronômico, rural, esportivo e de eventos
Adega ponta-grossense une sabor e tradição em produtos únicos, tendo como base a amora

Foi no caderno de receitas da avó que a família Dewulf, de imigrantes belgas, há 18 anos morando
em Ponta Grossa, buscou inspiração para resgatar a tradição europeia de produzir bebidas a partir de amoras silvestres. A prática, já não comum na Europa, tinha como objetivo obter, a partir do fruto, uma bebida que os ajudasse a enfrentar o rigoroso inverno europeu. Os segredos gastronômicos da avó permitiram que no Paraná, a família encontrasse uma alternativa na propriedade e, há 12 anos, nasceu a Adega Porto Brazos, única no mundo a produzir fermentados, aguardentes e licores
de amora.
Instalada na zona rural do município de Ponta Grossa, na localidade de Itaiacoca, a Porto Brazos é uma homenagem a um dos mais conhecidos vinhos produzidos no mundo, os do Porto, e à variedade de amoras Brazos, que melhor se adaptou à região e a única utilizada na produção de bebidas pela adega, entre mais de mil espécies.

Baixas temperaturas
Em uma propriedade de 50 hectares para plantação de amoras, destinada ao beneficiamento, a produção anual de amoras depende das condições climáticas e, como o inverno deste ano foi atípico, com temperaturas acima da média, a colheita de amoras deve ser inferior a do ano passado, de duas toneladas do fruto por hectare.
De acordo com pesquisadores, as amoras da variedade Brazos precisam de 400 a 500 horas de frio
para o cultivo. “A variedade Brazos tem frutos grandes, de seis a sete gramas a unidade, são firmes,
de sabor ácido e adstringente. Na nossa região dos Campos Gerais, o clima e o solo bem drenado, com boa capacidade de retenção de água e bom teor de matéria orgânica, são propícios para o desenvolvimento desta amora. Em 2017, não estamos com uma boa expectativa com relação à colheita, porque o fruto precisa do frio. Quanto mais frio fizer, mais frutos teremos”, conta a engenheira agrônoma e responsável técnica da Porto Brazos, Anneleen Dewulf.

Produção
Com um mix de 11 produtos, a adega conta com um certificado de rastreabilidade, conferindo e garantindo a origem, forma de colheita e beneficiamento do fruto. Entre os produtos à base de amora da adega estão o fermentado, a aguardente, o licor, o chopp, a cerveja, o suco, a geleia e a calda.
Sem fazer uso de agrotóxicos, e com manejo preventivo de pragas e doenças, a empresa familiar contrata pessoas da própria localidade para a colheita da amora, que ocorre de outubro a dezembro. “O arbusto da amora tem uma vida útil média de 13 anos. Os primeiros anos são de produção reduzida, aumentando com o envelhecimento da planta. Para cada quilo colhido do fruto, produzo um litro do fermentado de amora e, a maturação de cada produto leva de dois a cinco anos para, só então, chegar ao público. A procura por produtos naturais tem sido cada vez mais crescente, além dos diversos benefícios que a amora traz, ofertamos, também, um souvenir gastronômico”, revela Anneleen.

Eventos
Localizada em uma charmosa propriedade rural de Ponta Grossa, a apenas 700 metros do Buraco do Padre, um dos mais importante atrativos turísticos do município, a Porto Brazos é também um local para eventos. Ao lado da adega, há um amplo salão de festas para locação, podendo receber até 350 pessoas, equipado com cozinha industrial, churrasqueira, lareira e uma área externa para realização
de cerimônias de casamento e books fotográficos.  Aos sábados, domingos e feriados, o espaço abriga um restaurante e, entre os pratos do cardápio, waffles e brownie com sorvete e calda de amora ou chocolate, fondue de queijo, tábua colonial com embutidos, queijos e pães, além de panquecas doces e salgadas. Sob reserva, aos domingos é servido um buffet de paella, prato típico espanhol.
A propriedade também dispõe de um minicampo de golf, com 18 buracos, em meio à plantação de amoras e lavanda.

Selo Alimentos do Paraná
Em outubro, a empresa prepara-se para receber, pelo segundo ano consecutivo, o Selo Alimentos do Paraná, aferido pela Fecomércio PR, em parceria com o Sebrae/PR, Federação das Indústrias do Paraná (Fiep), Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel) e Associação Paranaense
de Supermercados (Apras), que compõem o comitê gestor.
O selo atesta a qualidade na gestão empresarial e nos processos de produção de indústrias e beneficiadoras de alimentos e de bebidas às empresas que aplicam boas práticas na produção e atendem às exigências sanitárias e aos padrões de qualidade.
Às empresas participantes são ofertadas atividades de capacitação, treinamento e consultoria in loco. “Além do registro pelo Ministério da Agricultura, obtivemos o Selo Alimentos do Paraná, que nos permite alcançar uma importante fatia do mercado. O selo nos ajudou a abrir o leque, a evoluir e
a melhorar os processos de produção, além de agregar valor ao produto, à marca e à empresa”, afirma.

Texto e fotos: Silvia Bocchese de Lima
Revista Fecomércio PR - nº 120


sexta-feira, 15 de setembro de 2017

Estrategicamente, Tanzânia

Localizada na África Oriental e voltada ao Sudeste do Continente Asiático, a Tanzânia é um dos países mais estratégicos do globo


Considerada o berço da humanidade, estável política e economicamente, a República Unida da
Tanzânia é, geograficamente, um dos pontos mais estratégicos do mundo. O país está localizado na África Oriental, voltado para o mercado do Sudoeste Asiático e próximo da Europa e da Oceania. Embora jovem em sua constituição, resultado da unificação dos países Tanganica e Zanzibar no
Dar es Salaam
início da década de 1960, a Tanzânia passa por um momento de desenvolvimento estruturado, principalmente na agricultura e na indústria de transformação. Composto por uma população
de 53 milhões de pessoas, oriundas de 126 diferentes tribos, a Tanzânia teve um crescimento populacional na última década de mais de 30%, bem superior ao Brasil, que no mesmo período
teve um crescimento populacional de 8,96%. “A Tanzânia está entre os países com maior crescimento populacional e Dar es Salaam, antiga capital, está entre as dez cidades que mais crescem no mundo. Isto gera oportunidades de negócios em todos os segmentos, sejam em serviços, comércio ou indústria”, pontua o cônsul honorário da República Unida da Tanzânia, Jonathan Bittencourt.

Desde o fim de 2016, o governo tanzaniano vem transferindo as instituições governamentais de Dar es Salaam para a capital administrativa, Dodoma, localizada ao centro do país. Como ocorreu no Brasil, com a mudança da capital do Rio de Janeiro para Brasília, a Tanzânia optou pela transferência da capital por questão de gerenciamento e estratégia logística. “Trata-se de uma transferência difícil e que não se faz de um dia para o outro. É um plano de longo prazo, em especial por questões de infraestrutura, afinal são 600 mil funcionários públicos que precisam ser transferidos”, salienta o cônsul.

Jonathan Bittencourt
A Tanzânia pode ser vista como um ponto de distribuição e recepção de mercadorias, pelo porto de Dar es Salaam, já que possui fronteiras com oito países, sendo que Uganda, Burundi, Zâmbia, Ruanda e República Democrática do Congo não têm saída para o mar. “Se o empreendedor brasileiro tiver esta visão, não só de expansão dos seus negócios mas, eventualmente, de diversificação do mercado consumidor, a Tanzânia é um dos pontos mais estratégicos do mundo, servindo como uma alternativa para a entrada em países desenvolvidos e, além disso, é um polo de distribuição para outros países africanos ”, acredita Bittencourt.

Empreender da Tanzânia
Com inflação controlada na casa de 5 a 6% ao ano, a antiga colônia germânica e britânica, tem uma economia majoritariamente agrícola mas também se destacam setores como o turismo, que representa 15% do Produto Interno Bruno (PIB), e o minério, que tem o ouro como o sua principal commoditie. Receptiva a novos investidores estrangeiros, o país conta com um organismo chamado de Tanzania Investment Centre (TIC), ligado ao Ministério da Indústria, Comércio e Investimentos. Trata-se de um ponto de apoio ao investidor estrangeiro com projeto de investimento superior a US$ 500 mil, proporcionando suporte e resolução de todas as questões burocráticas para operar na Tanzânia. O TIC foi premiado no Continente Africano como uma das instituições mais organizadas, além de uma das principais facilitadoras para o empreendedor estrangeiro.

Função Consular
No cargo desde maio de 2016, Bittencourt é o primeiro, e até o momento, único cônsul honorário da
Tanzânia no Brasil e em toda a América Latina. Após a primeira visita à Tanzânia em 2012 para um projeto missionário-humanitário, o relacionamento de Bittencourt com o país passou a envolver o desenvolvimento de negócios e, posteriormente, a diplomacia. Bittencourt revela que tem efetuado investimentos próprios na área de saneamento básico, após acordo firmado com o governo da Tanzânia, e que ao longo de cinco anos visitou aquele país em torno de 50 vezes. Estas visitas o deixaram próximo de pessoas, tanto do setor privado quanto no setor público. A nomeação consular ocorreu após indicação, análise curricular e profissional, sabatina, e das aprovações dos Ministérios de Relações Exteriores da Tanzânia e do Brasil. Tendo como missão apoiar o governo tanzaniano no mercado brasileiro, Bittencourt entende a posição consular como estratégica para ambos os países. “Pretendemos estabelecer relações duradoras que possam trazer resultados positivos tanto para o lado
tanzaniano quanto para o brasileiro, fortalecendo as relações comerciais, culturais e estratégicas entre os dois países”, pontua.




Texto: Silvia Bocchese de Lima
Fotos: Bruno Tadashi e IStock
Revista Fecomércio PR nº 117

segunda-feira, 11 de setembro de 2017

Passaporte Turístico

Com apoio do Sistema Fecomércio Sesc Senac PR, Paranatur lança Passaporte Turístico, que promove quatro regiões turísticas do estado

A exuberância natural, a diversidade cultural, gastronômica, geográfica e de eventos faz do Paraná um local privilegiado para o turismo. Para auxiliar o viajante a conhecer novos destinos, a Paranatur lançou, com apoio do Sistema Fecomércio Sesc Senac PR, a primeira edição do Passaporte Turístico – Vitrine de Regionalização, durante a realização, em agosto, do 2º Salão de Turismo dos Campos Gerais.
O Passaporte traz informações sobre os principais destinos turísticos de quatro regiões turísticas do estado: Campos Gerais, Corredores das Águas, Terra dos Pinheirais e Vales do Iguaçu. No total, 14 regiões turísticas paranaenses serão abordadas em quatro guias de bolso. “Trata-se de um instrumento para podermos divulgar, promover e incentivar a comercialização de novos produtos turísticos. O nosso desafio nos últimos dois anos foi o de trazer alternativas para os destinos já tradicionais como Foz do Iguaçu, Curitiba e Ilha do Mel”, salientou o diretor presidente da Paraná Turismo, Manoel Jacó Gimenes.
Ele conta que o desafio da Paraná Turismo é dar visibilidade aos destinos, divulgá-los e promovê-los, a partir dos próprios paranaenses. “Esta é uma mobilização para avançarmos na condição de ter o Paraná como um produtor de turismo”    , conta.
Além das dicas de destino, o passaporte traz informações sobre as distâncias, produtos turísticos, principais eventos e contatos das prefeituras ou secretarias de turismo. “São dicas que promovem o turismo interno e divulgam os destinos por região. As regiões, por sua vez, priorizam os municípios indutores do turismo regional, dando visibilidade para cidades que concentrem atrativos históricos, culturais, naturais, de aventura e gastronomia”, pontua Gimenes.

Regiões Turísticas do Paraná
Campos Gerais
Cataratas do Iguaçu e Caminho ao Lago de Itaipu
Corredores das Águas
Ecoaventura, Histórias e Sabores
Entre Morros e Rios
Lagos e Colinas
Litoral do Paraná
Norte do Paraná
Norte Pioneiro
Riquezas do Oeste
Rotas do Pinhão
Terra dos Pinheirais
Vale do Ivaí
Vales do Iguaçu


Texto: Silvia Bocchese de Lima
Foto: Ivo Lima

domingo, 27 de agosto de 2017

Press trip pelos Campos Gerais


Parque Estadual de Vila Velha, Lagoa Dourada, Parque Histórico de Carambeí, Castrolanda, Museu do Tropeiro, fábrica da Madero e Buraco do Padre foram alguns dos atrativos turísticos dos Campos Gerais visitados por mim e outros 30 jornalistas do Brasil, Uruguai, Argentina e Chile, que estivemos na região durante três dias, convite da Prefeitura de Ponta Grossa, para uma press trip.
A prefeita em exercício de Ponta Grossa e presidente da Fundação de Turismo (Fumtur), Elizabeth Silveira Schmidt, conta que a atividade foi realizada em parceria com as prefeituras de Castro e de Carambeí e teve apoio da Princesa dos Campos, Madero, Hotel Planalto, Vila Velha Premium Hotel, Cooperativa Sicredi Campos Gerais, Adega Porto Brazos, Churrascaria Expedicionário do Cogo, Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Paraná, Núcleo de Guias Turísticos de Ponta Grossa e Paraná Turismo. “A ação conjunta dos governos municipais e da iniciativa privada foi responsável por concretizarmos esta press trip. Esta grande mobilização divulgará o turismo de Ponta Grossa e da região para o Brasil e para o mundo”, ressalta Elizabeth.
Carlos Javier Acosta Moreno, jornalista uruguaio do Diário Regional de La Paloma, revela que a experiência o mostrou um Paraná, até então, desconhecido para ele. “Confesso que sabia de atrativos turísticos no estado, como Curitiba e Foz do Iguaçu, com as Cataratas, mas desconhecia Ponta Grossa e os Campos Gerais. Há muito o que ser contado, divulgado e a região está pronta para receber os turistas”, destaca.



quinta-feira, 17 de agosto de 2017

Sabor e riqueza paranaenses

Barbaquás eram fornos utilizados para secar a erva-mate
Considerada o ouro verde paranaense, a erva-mate foi o segundo mais importante ciclo econômico
do estado, responsável pelo desenvolvimento do Paraná, pela construção de importantes
estradas, pelo surgimento dos barões do mate e pela autonomia da província

O Paraná ainda era província de São Paulo, acabara de viver o auge do ciclo econômico da pecuária,
o comércio havia se desenvolvido a partir do tropeirismo e as primeiras pousadas, restaurantes e
comunidades tinham sido criadas no Caminho de Viamão. A produção e o comércio da erva-mate estavam em ascensão no ano de 1820, quando o botânico francês August de Saint-Hilaire, em visita a Curitiba, reconheceu que o nome da erva por ele batizada de Ilex paraguariensis, quando em expedição ao Paraguai, deveria se chamar Ilex brasiliensis, uma vez que no Paraná era possível encontrá-la em maior quantidade e em melhor qualidade.

Mas foi após o desmembramento do Paraná da Província de São Paulo, em 1853, que a erva-mate tornou-se um dos pilares da economia da nova província e o principal produto de exportação. De acordo com o escritor e jornalista Samuel Guimarães da Costa, autor de A Erva-mate, no período de 1866 a 1874 o Paraná exportou um total de 108.434 toneladas de erva-mate, reforçando a importância econômica que a cultura teve para o estado.

Ápice
Nego Miranda e Teresa Urban revelam em Engenhos & Barbaquás que, motivada pela Guerra do Paraguai, a Argentina deixou de importar erva-mate paraguaia, e desde a segunda metade do século XIX, despertou o interesse pelos grandes ervais nativos do Paraná.
O ápice da cultura da erva-mate no estado ocorreu nas primeiras décadas do século XX e a economia
estava alicerçada, basicamente, na extração, industrialização e comercialização do produto. A Junta Comercial do Paraná (Jucepar) desde a sua criação, em 1892, providencia o registro das empresas e das marcas que elas representam. O produto erva-mate era tão relevante, que das 32 primeiras marcas registradas, no período de nove anos, 21 eram referentes ao mate.

Em 1928, o total da produção do mate brasileiro destinado tanto para os mercados interno quanto externo foi recorde, atingindo 88.180 toneladas; o Paraná era responsável por mais de 83% da produção, chegando a 73.605 toneladas do produto. O desenvolvimento do Paraná pela extração e exportação da erva-mate resultou na criação de importantes vias de acesso, como a Estrada da
Graciosa, ligando o primeiro planalto paranaense ao litoral do estado; a inauguração em tempo recorde da Estrada de Ferro Curitiba-Paranaguá, e estabeleceu o Rio Iguaçu como via de navegação.

Produção da erva-mate
O Centro-sul do estado era o centro da produção da erva-mate, com destaque para os municípios de
Guarapuava, Palmeira, Palmas, São Mateus do Sul e União da Vitória. Os engenhos para beneficiamento da erva estavam localizados nas cidades de Antonina, Curitiba, Lapa, Paranaguá, Ponta Grossa e União da Vitória.

Para a pesquisadora e mestre em Ciências Sociais Aplicadas, Neri França Fornari Bocchese, o ciclo da erva-mate no Paraná, principalmente na região Sudoeste do estado, foi o princípio do que hoje se conhece como Mercosul. “Em Pato Branco, o argentino Luiz Pastoriza, primeiro empresário a se fixar na cidade, era proprietário de vários barbaquás e empregava caboclos locais para a extração da erva-mate. Especialistas da Argentina e do Paraguai foram trazidos por ele para fazer o manejo. As tropas de Pastoriza levavam a erva para a Argentina, Paraguai e Uruguai e voltavam carregadas de ferramentas, sal, remédios, água de cheiro, tecidos. Era, certamente, o começo do Mercosul”, revela.
A presença argentina em terras fronteiriças do Sudoeste, pela exploração da erva-mate e da madeira, prolongou-se até meados da década de 1930.

Homem de negócios
Ildefonso Pereira Correia, o Barão do Serro Azul, foi um dos mais importantes empresários do Paraná, proprietário de um engenho de erva-mate e serrarias. Dono do engenho Tibagy, levou a marca Ildefonso a exposições internacionais, com o intuito de atrair o interesse dos mercados europeus. Como comerciante, tornou-se o maior exportador paranaense do mate e de pinho aos países platinos e o maior produtor de erva-mate do mundo. Foi presidente da Câmara Municipal de Vereadores de
Curitiba, deputado provincial e vice-presidente da Província do Paraná.

Correia também contribuiu para a consolidação de Curitiba e sua modernização, instalando na capital, o telégrafo e uma indústria gráfica. O barão foi condecorado diversas vezes, ainda em vida e, durante a visita do Imperador Dom Pedro II ao Paraná, o casal Serro Azul causou simpatia ao monarca.
Foi acusado de trair a Pátria, ao patrocinar revoltosos do Rio Grande do Sul, durante a Revolução Federalista, com dinheiro arrecadado junto aos comerciantes, concedendo um empréstimo de guerra
e agindo contrário ao governo de Marechal Floriano Peixoto. Segundo relatos históricos, em 1894,
antes de chegar ao julgamento que seria submetido, no Rio de Janeiro, o Barão do Serro Azul foi morto a tiros, no km 65 da Estrada de Ferro Curitiba-Paranaguá, por ordem do general Ewerton Quadros.


Identidade paranaense
Leonor, Yayá, Teresita, Zacarias, Pura Maria, El Toro, Ypiranga foram algumas das marcas de erva mate comercializadas no Paraná e destinadas à exportação, mas certamente, uma das mais importantes foi a Matte Leão, fundada por Agostinho Ermelino de Leão Junior, em Curitiba, em 1901. A empresa liderou o mercado de erva-mate no Brasil e se tornou uma das maiores empresas
paranaenses. A empresa inovou na forma de comercializar o produto e, a partir da década de 1930, vendia a erva torrada, com o slogan, “Use e abuse, já vem queimado”. Vinte anos depois, a empresa passou a comercializar o chá pronto para beber, em copo lacrado. Há dez anos, a marca Matte Leão foi comprada pela Coca-Cola.

Instituto Nacional do Mate
Foi na Era Vargas, em 1938, que devido a importância que a erva-mate possuía que foi criado o Instituto Nacio
nal do Mate, tendo como função “promover a política de defesa e expansão do mate no país e no estrangeiro”.
Segundo Miranda e Urban, a criação do instituto também marcou a intervenção do Estado no setor e foi extinto, em 1967, no início da Ditadura Militar.

Declínio
O ciclo econômico da erva-mate entra em crise no fim do século XIX e início do século XX, quando a Argentina, um dos principais mercados consumidores, passou a produzir o produto. A queda da Bolsa de Nova Iorque e II Guerra Mundial também influenciaram as exportações e, na década de 1940 entra em cena o ciclo do café que passou a receber grande parte dos investimentos antes destinados à erva-mate.
De acordo com a última Pesquisa da Produção da Extração Vegetal e da Silvicultura, realizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), em 2015 foram produzidas no Paraná 292.891 toneladas de erva-mate, movimentando R$ 354.197.000 como valor de produção.

Araucária e erva-mate
Plantas irmãs. Foi assim que antigos indígenas identificaram a erva-mate e o pinheiro araucária. Miranda e Urban citam que naturalistas cruzaram o território paranaense nos séculos XVII e XVIII e classificaram a erva-mate como “uma planta que gosta particularmente da companhia e do abrigo das
araucárias”.
A relação entre as duas espécies excede às áreas nativas de florestas, passam pelos ciclos econômicos da erva-mate e da madeira, chegando aos símbolos do estado, representadas lado a lado na bandeira e no brasão do Paraná. Foi o comércio da erva-mate que abriu caminho para a exploração do pinheiro
e a redução das áreas nativas de erva-mate foi proporcional ao avanço das madeireiras.

Curiosidades
• O hábito de consumir a bebida no início do século XVII era proibido e foi considerado alucinógeno
por padres jesuítas.
• Os índios foram os primeiros a consumir a erva-mate no chimarrão e como chá.
• Barbaquás eram fornos utilizados para secar a erva-mate.
• A palavra mate é derivada do termo quéchua – família de línguas indígenas da América do
Sul –, que designa o recipiente onde é bebido chimarrão.




Texto: Silvia Bocchese de Lima
Fotos: Bruno Tadashi, registradas a partir do acervo do Museu Paranaense
Revista Fecomércio PR - nº 118