| A viagem de trem de Curitiba e a Morretes |
O aviso na parede da rodoferroviária de Curitiba já
alertava:“viajar é trazer lembranças inesquecíveis na bagagem”.
Foi com esta promessa e um frio de 13ºC que o grupo de comunicadores de todo o
Brasil saiu da capital paranaense rumo a Morretes, em uma viagem sobre os
trilhos.
| Viaduto São João |
| Véu da Noiva |
| Cânions em meio à Mata Atlântica |
A partida foi tímida e silenciosa, apenas com o
repasse de orientações turísticas e de comportamento da composição, formada por
20 carros acoplados a duas máquinas. As conversas eram restritas aos
companheiros da poltrona ao lado, mas bastaram os primeiros solavancos para a
animação começar.
“O ouro verde paranaense – a erva mate – foi o
motivador para a abertura da estrada de ferro em 1880, e para sua conclusão, foram
necessários cinco anos de trabalho e 480 toneladas de aço vindos da Bélgica”,
começou a relatar a guia turística.
| Comunicadores do Sistema Comércio, de todo o Brasil |
Os 68 sinuosos quilômetros que separam Curitiba de Morretes foram percorridos em pouco menos de quatro horas, a uma velocidade máxima de 45 km/h – uma viagem que se contrapõe à celeridade do dia a dia, revelando a beleza da Serra do Mar e da Mata Atlântica.
A viagem incluiu um tour por 13 túneis e pela história dos irmãos Rebouças, notáveis engenheiros baianos responsáveis pelo audacioso traçado da estrada de ferro; passando por Ildefonso Pereira Correia, o Barão do Serro Azul – considerado traidor da pátria, morto a tiros no km 65 da estrada. Há seis anos, o erro histórico foi corrigido, o barão declarado inocente, e seu nome foi incluído no Livro de Aço dos Heróis da Pátria.
Hortênsias, bromélias, ruínas de construções, precipícios, rios, quedas d´água, Véu da Noiva, Pico Coroado, Saltos dos Macacos e Viaduto Carvalho. Todo o caminho é um convite ao registro e o desafio é conseguir o melhor ângulo para as fotos, mesmo que a orientação da guia revele: “a alguns metros, à direita, a sua diagonal abaixo, teremos a vista da Represa Ipiranga”.
Na chegada, a turística e hospitaleira Morretes revela aos visitantes o tradicional prato paranaense: o Barreado.
A feira
dominical serviu para conhecerem as irrecusáveis balas de banana e provarem dos
licores preparados artesanalmente.
O passeio seguiu de ônibus a Antonina, com seus
curiosos telhados – cujas telhas eram fabricadas nas coxas das escravas, que
resultavam em diferentes tamanhos e formatos –, as eiras e beiras – que
revelavam o poder econômico dos moradores das casas –, e as paredes fabricadas
com conchas, misturadas a pedras e óleo de baleia.
Por fim, os viajantes retornaram a Curitiba, cansados, novamente silenciosos e sonolentos, celulares descarregados, mas com os cartões de memória repletos de belas imagens e uma experiência única para contar.
Texto:
Silvia Bocchese de Lima
Fotos: Ivo Lima